LAMIRÉ
LAMIRÉ
É porque ao diapasão do trem de ferro
Que se afina a alvorada do sertão...
A passarada vem da imensidão
A s'espalhar nas névoas pelo serro.
Agudo, canta em solo o trinca-ferro;
Respondem zabelês em cantochão.
E, uma após outra, as aves de arribação
Solfejam seus lamentos no desterro.
Mais ao longe, entre errático e dolente,
O concerto dos bois e dos aboios
Ecoa pelos vales amplamente.
É porque no andamento dos comboios
Que se compassa logo ao sol nascente,
A música a verter pelos arroios.
Betim - 28 06 2018