MEU ÚLTIMO REMÉDIO
Não sou poeta pelos meus caprichos,
Nasci com essa ferida dentro em mim.
E cada verso meu tem um compromisso:
Aliviar minha dor é o seu fim.
Meu pranto pinga a escada do soneto,
E os versos são degraus por onde rola,
E vai buscar o fim, cai sobre a mola
Que me retorna sempre ao recomeço.
E apego-me ao infame cadafalso,
De dor eu me alimento todo dia,
E bebo em taças rudes a poesia
Em cujo alimento é o que me faço.
Se tento desvendar-me deste laço
Não encontro mais o amor, nem a alegria.
Serra,20/06/2018
Geraldo Aloé