Soneto etéreo do amor incorpóreo
Não sei, amor, dar-te quaisquer de mim
Coisas que não ato do Verbo em verso
Bailar metafísico no sem-fim
Etéreo, no imaterial cosmo, imerso.
Não hei de tangir-lhe o corpo e tecer
doce véu orgânico a dissolver
Sequer beijar-lhe o lábio imaculado
E inebriar-me alva do teu pecado.
Perenizar-me-ei a gozar da obra
incorpórea, que és chama crepitante.
Mas hauriu minh'alma o eterno, no instante
Que imergi n'infinito azul da tua alma
marítima: sou eu pra sempre tua
Serás deveras tu pra sempre minha.