SONETO SONADO

Vejo, sem força, onda morrer na praia;

Correr n'areia barata do mar;

Parto prevendo que da toca saia

Um apavorante e sádico grauçá.

Fria e passante, a água, sem impulso,

Desce de volta envergonhada e azul;

Um pinauna anexo e avulso

Seca-se ao vento que chega do sul.

Mirando o véu a subir e descer,

Extasiado com o pélago anil -

Os pés imersos nesse saibro ardente -,

Sonado a contemplar o alvorecer,

Avisto as algas num boiar sutil

E as caravelas que vão na corrente.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 10/06/2018
Reeditado em 10/06/2018
Código do texto: T6360268
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