SONETO SONADO
Vejo, sem força, onda morrer na praia;
Correr n'areia barata do mar;
Parto prevendo que da toca saia
Um apavorante e sádico grauçá.
Fria e passante, a água, sem impulso,
Desce de volta envergonhada e azul;
Um pinauna anexo e avulso
Seca-se ao vento que chega do sul.
Mirando o véu a subir e descer,
Extasiado com o pélago anil -
Os pés imersos nesse saibro ardente -,
Sonado a contemplar o alvorecer,
Avisto as algas num boiar sutil
E as caravelas que vão na corrente.