SONETO DE UNS LÁBIOS DE ROMÃ

E morava aqui dentro um tempo tolo
na ousadia de ver um céu vivido,
não achava e doeu no amor traído,
acabando esta estrofe sem o colo.

Na tontura, auge pouco e combalido,
um trator triunfante mas sem solo,
que este amor sem saber onde enfim pô-lo
e deixou-o no finito nunca crido.

E nas sombras do medo tal manhã,
vem de ti no vermelho da romã,
Se o que quero vivente no calor,

no que brota dos lábios, desta flor, 
como então poderei achar-te, amor?
Se a poesia sequer vê um amanhã!