PEDACINHOS

Destes muros, mares, mortos, ando farto...

Não encontro espelho algum que me reflita...

Rodo em círculo e a verdade que me habita

Permanece na agonia sem um parto...

Despedaço-me e atiro ao léu meus pedacinhos...

Tão sozinho me consumo e na desdita,

Contemplando a situação que assim maldita,

Não me oferta solução e outros caminhos...

Roda a mó e me desfaço ao redemoinho...

Pó desfeito, não me ajeito em outro corpo...

Táo só pó, em mesmo nó, meu verso à torto...

Nesta injúria, em sepultura, o meu conforto...

Triste aquele em que a tristeza fez seu ninho...

Amargará a imensa dor de ser sozinho...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 03/06/2018
Reeditado em 03/06/2018
Código do texto: T6354721
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