SONETO

Da taça do amor, até a última gota, eu bebi;
Um fogo abrasador minha cabeça devorava,
Uma chama viva ao meu peito incendiava,
Não tinha caminho de volta, do meu eu me perdi.

E em tal estado de insensatez e demência,
Razão, lucidez, eram apenas míseros dardos;
Não tocavam o mais profundo da inconsciência,
A matéria corruptível da qual eu era formado.

O que pode um ser frágil diante de tal soberania?
Urra, esperneia, grita, se entrega e se humilha,
Não adianta ter coragem, nem mesmo valentia.

Sofre sem sentido, chora sem ter desejado,
Quer fazer algo e não pode, pois sua vontade
Encontra-se subjugada, aos pés do ser amado.
Fran Macedo e Marcelo R. Azevedo
Enviado por Fran Macedo em 02/06/2018
Reeditado em 02/06/2018
Código do texto: T6353714
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