Temulento
Minha vida que sempre foi tão simplória,
Após conhecer o mal do amor nunca mais
Foi a mesma; e nas profundezas abismais
Da minh’alma, passei a viver de vã glória.
Iludido sob o julgo de forças descomunais,
Tornei-me preso da minha pobre memória,
Sem possibilidade de ver futuro de vitória,
Porque a vi plena de lembranças marginais.
Ah! Não me arrependo de um dia na vida
Ter ousado degustar do mais doce prêmio,
Apesar de que a vida dantes não era lívida.
Pancada por pancada, já que era abstêmio,
Sorvi aos goles o amor e fiquei em dívida,
Bêbedo, querendo mais, igual no proêmio.