EM BUSCA DA POÉTICA PERDIDA
“A aura feirante”
Andam olhos e olhos ansiosos pela Feira,
Talvez em busca duma poética perdida,
É essa a séria convicção mais que sentida
Na onda humana da dramática cegueira.
Livros, revistas, ensaios de toda a maneira,
Acervos antológicos de letra comedida
Com proliferação de imagem consentida,
Eis a aura feirante da panóplia livreira.
Autores, esses, acima e a baixo vagueando
Por entre anónimos visitantes à mistura –
Numa insuspeita confluência de cultura –
Mas a Poesia e os poetas vão rareando…
Ressalvam-se, porém, os melros e rouxinóis,
Que em melodias e trinados vão cantando
As baladas nostálgicas, já anunciando
A perda dos valores tornados girassóis.
Autógrafo – para quê? – se já não há paixão
E a Poesia, coitada… não passa de ilusão!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA