OS FANTASMAS DA MISÉRIA
Paira uma estranha miséria nas suntuosas habitações
Envoltas por um secreto vazio existencial.
Em suas proximidades, sinto a escuridão mais brutal
Invadir tantas almas opacas de afeições.
Por outro lado, presencio a dor nos semblantes
Das crianças desamparadas pela fria sociedade.
Diante da negligência, como ter na alma a serenidade
Quando as visões de miséria são sempre recalcitrantes?
As indigências espirituais atrás dos luxos se ocultam,
Se perdendo pelos recintos das mansões abastadas.
Mas é nas periferias onde jazem pessoas estigmatizadas
Que tais assombrações mais evidentemente se avultam.
Sob parcas condições, os sonhos sempre esmorecem...
Nos seus recantos vazios, quantos não adoecem!