SONETO DO FUTURO

Nos mares do passado em que navego

afundo-me sem gritos nem lamúrias,

que a vida no presente fez-se espúria

se viva perderei-me em voos cegos!

E do hoje, no horizonte que renego,

desisto de viver e o mar em fúria

engole-me nas águas da luxúria,

afoga-me entre as ondas e eu me entrego

pois sei que lá no fundo do oceano,

no ardor que é redentor do horror humano,

habita o estranho monstro que procuro

que vibra em rituais pagãos, impuros,

nas águas cristalinas do futuro

dançando em mim o seu balé profano...!

Jacqueline K

3/5/2014

Jacqueline K
Enviado por Jacqueline K em 04/05/2018
Código do texto: T6327444
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