SOLETRANDO A NOTA DÓ [798]

SOLETRANDO A NOTA DÓ

[798]

Se, agora, tenho que pôr mãos à massa,

então que chore a cântaros, sozinho,

e rias sempre tu, este meu vinho,

a embriaguez que tanto me fez graça.

Hoje só, feito frágil passarinho,

sob intenso tornado que não passa,

escalo-te as muralhas da pirraça,

quando melhor seria teu carinho.

Em que confins tu andas nunca sei;

sei só que estou na pele de um sansei

que faz dublê de pífios acrobatas.

Pois, soletrando os sons da nota dó,

bem mais sozinho sigo, muito só,

e chorarei, já sem cantar bravatas.

Fort., 04/05/2018.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 04/05/2018
Reeditado em 07/05/2018
Código do texto: T6326784
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