Intertextualidade do soneto de Gregório de Matos

Soneto Caíba

Neste mundo é mais rico, o que mais cata:

Quem mais limpo se faz, é o que mais defeca:

Com sua língua ao nobre o pobre seca:

O velhaco maior sempre tem mamata.

Mostra o patife da nobreza a carta:

Quem tem mão de agarrar, ligeiro peca;

Quem menos falar pode, mais seca:

Quem dinheiro tiver, pode ser Magnata.

A flor baixa se inculca por caíba;

Bengala hoje na mão, ontem plaina de peroba:

Mais isento se mostra, o que mais cuba.

Para a tropa do trapo vazio a riba,

E mais não digo, porque a Musa aboba

Em aba, eba, iba, oba, uba.

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 26/04/2018
Reeditado em 01/06/2021
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