Devagar…
Vago eu como lenho em plena vaga,
De mar profundo, sem ter uma saída,
Pois ainda há a marca daquela ferida
Que foi de então tua derradeira paga.
Minh’alma ficou por um tempo caída,
Ao crer que só era de novo uma praga
Do Fado, minha sina, que me esmaga;
Deixando a mim sem qualquer guarida.
Se olho o tempo quando vem a chuva,
Surge lembrança de tua linda madeixa,
Que na tua face caía tal qual uma luva.
E hoje o que sobrou foi só uma queixa;
Vazia e sem graça, igual uma seca uva,
Pois não vejo mais teus olhos de gueixa.