OS CAMINHOS DA POESIA
«Lembrando Jorge de Sena»
Num mundo cheio de trevas e de vã petulância,
De alma vazia e sem um esteio de valores,
Brota a luz da Poesia, a mais bela das flores,
Que espalha à sua volta o calor e a fragrância.
Poesia sem tempo, caminhando na distância,
E procurando um horizonte de alvores
Pela distinta essência dos elos condutores
Que recriam uma arte de paz e tolerância.
São longos e sinuosos, todos os caminhos,
Que à nobre Poesia compete percorrer,
Por entre mil obstáculos que urge abater
Arando a terra e retirando-lhe´ os espinhos.
Há pedras mais que muitas, em destino incerto,
Há densos nevoeiros, frios e impenetráveis,
Há desérticos trilhos, duros e insondáveis
E há abutres e chacais, por vezes a céu aberto…
Os caminhos da Poesia tornam-se aventura
À imagem da diáspora do vate Jorge de Sena,
E todo o poeta, tendo como arma a sua pena,
Escreverá na água: tanto dá qu´ até que fura!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA