SCHADENFREUDE


À margem dos espantos consumados
O abril revoga brilho antigo e cargos
De atraso que se quis promessa, embargos
Do que é outorgado em fim, sem mais enfados.

Carícia à deusa, uns dedos delicados
Na seda dessa venda, e brinde aos largos
Do outono em sorvos fartos, mais amargos
Que os pêsames por sonhos tão errados.

O vento — que só cumprirá a sentença
Das idas e das vidas que deploram
O abril — é gume frio, é breve ofensa.

A deusa, a desdenhar dos que ainda a adoram,
É mármore que exulta e em tudo pensa
Enquanto tantos por tão pouco choram.


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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 14/04/2018
Reeditado em 28/06/2018
Código do texto: T6308678
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