ARDIL
Às vezes ele adentra cuidadoso,
sussurra vilipêndio com ternura
e arranha em sua pluma seca, dura
apenas o alvo exato, o desditoso.
Ninguém ao torno sente seu intento
real de arremessar ofensa em lanças
cobertas de palavras leves, mansas;
ferir, de sua presa, o sentimento.
E sem que se perceba atinge a meta
negando seu afeto a quem afeta,
enquanto brilha ao ar sorrir perfeito.
Os outros veem rosa a brava urtiga
que queima sua vítima, a fustiga
em sórdidos ardis, o preconceito.