A divina dádiva do sentir.
Um raio dourado que aponta no nascente.
Um lindo sorriso um olhar que tudo aviva.
Mas quando vais, e se afasta displicentemente.
É raio dourado a se esconder no poente.
É como barco no oceano, seguindo a deriva.
E no olhar se perde só, quando o outro está ausente.
Queda-se num doce querer, que a alma faz cativa.
Desarrazoando a razão e se fazendo razoavelmente.
E então a alma se debate em meio a leda negativa.
De um não querer se entregar a paixão reclusa vertente.
E no debate cai o batente e a porta d’alma cai na estiva.
Abrindo-se o caminho para paixão, e ela se faz latente.
Eis a vida do poeta que de tudo escreve, não que ele viva.
Mas no poetar de tudo que se escreve as vezes ele sente.
Que o sentido de sentir se resume: Numa divina dádiva.
(Molivars).