O Corvo
Ave que voa ao léu a própria sorte
Perdido em um nevoeiro da descrença
Acostumado as negras recompensas
Privado de água benta que o conforte
E voa pelo mundo sem um norte
Tal alma oca, em fria indiferença
Asas de um corvo, infausto de nascença
Em solidão e cercado pela morte
Ave de agouro triste e indesejada
Das crenças e do mundo amortalhada
Alçando voo em meio a fumaça
Voam as outras aves em verde horta
Mas este corvo habita em árvores mortas
E remoí por dentro uma dor que nunca passa