Lágrimas no beiral
 
 
Crescera junto às turvas  águas de um velho açude,
meus sonhos, eram  lágrimas que do beiral muitas derramei.
Da carnaúba, meu cavalo do talo tirei e cavalguei nas lembranças  até a juventude,
para em papel, deixá-las na parede do alpendre, juntando-se à paisagens que nunca esquecerei,
 
mas  guardo-as como fragmentos de uma linda  história,
sombras do nada, da seca e mesmo dos poucos trapos que vestiam o meu corpo,
eram marcas do tempo desnudando minha trajetória,
pois nublados eram os dias que viriam estrada afora, um porto, um rio e tudo era o meu oposto.
 
Sem rumo, nas esquinas perdia-me e falava com  o vento;
Não era muito pedir-lhe, dá-me a força de menino ser novamente, devolve-me  a vida, o seu gosto.
Sopra-me com os teus gestos,  um pouco de alento.
 
Abranda a dor das linhas que o tempo tem me posto,
não curve-me diante do novo agreste, da nova labuta, do mesmo sofrimento,
traz  a nuvem, leva o homem violento, devolve-me ao doce sabor daquele  rosto.
 

 
Mário De Oliveira RSA
Enviado por Mário De Oliveira RSA em 04/04/2018
Reeditado em 04/04/2018
Código do texto: T6299198
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