O ribeirão
Leva peixe, leva pedra, leva água
leva ouro de aluvião
leva amor, leva saudade, leva mágoa
leva sem parar o ribeirão
Vai para longe, segue incerto, para o rio
segue obedecendo ao declive
sem alma, sem riso, sem um atavio
como se fugisse de onde vive
Passa a ponte, pinguela, e passa mata
como lágrimas, cai em cascata
sem descanso, corre em seu leito
Risco alienado, tortuoso, e sem jeito
alheio, inseguro, desvario aparente
mas busca a foz, desde a nascente