O ribeirão

Leva peixe, leva pedra, leva água

leva ouro de aluvião

leva amor, leva saudade, leva mágoa

leva sem parar o ribeirão

Vai para longe, segue incerto, para o rio

segue obedecendo ao declive

sem alma, sem riso, sem um atavio

como se fugisse de onde vive

Passa a ponte, pinguela, e passa mata

como lágrimas, cai em cascata

sem descanso, corre em seu leito

Risco alienado, tortuoso, e sem jeito

alheio, inseguro, desvario aparente

mas busca a foz, desde a nascente

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 30/03/2018
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