SONETO DO AVESSO DAS COISAS

Vim dos versos muito antes namorado
da sonorosa música embalada,
cachos de rimas, cada uma guardada
em emoções compactas, tempo alado.

Pegou-me ali sozinho e quase nada
restou do que era o canto decorado, 
que um dia me fez tolo e devorado
pela modernidade amargurada.

E saber que se fez pela poesia
aquele mundo antigo e mais que heroico,
que antevejo sumindo a cada dia.

Hoje vendo-o morrer, mundo que cria,
neste Avesso das Coisas paranoico,
sinto que co' ele vou, nem percebia.