LIVRÍSSIMO

LIVRÍSSIMO

Eu no livro me livro do que ignoro,

E me transporto após para além-mim...

Tudo que era verdade -- não e sim --

Ora soa como um vago desaforo.

Não importa se escrito ao riso ou choro,

Letra a letra me leva para o fim;

Aonde o olhar avança ainda assim

A perder-se nos vãos que rememoro.

Porque no livro tomo a liberdade

De ser quem nunca fui (jamais serei!...);

Seja eu herói, vilão, guerreiro ou rei...

Se em sua fantasia outra verdade,

Que já da realidade me desperta

E, para o bem e o mal, a mim liberta.

Belo Horizonte - 20 03 2018