VIRGULINO
Virgulino ia falando entre dentes,
Reclamando da vida e dos parentes
Do grande calor que o sol trazia
E da chuva fazia anos que não via.
O gado agora só palmas comia
No açude água boa não havia
E Virgulino percorria varias léguas
E a fome se levantava sem dar tréguas.
Virgulino, homem sofrido e rude
Morador deste ardente sertão
Às vezes tinha no almoço aguado feijão.
De Virgulino jamais esquecer pude
Que a Boa Mão o conduza e carregue
Sumindo no caminho lá ia no seu jegue.