GRÃO DE TRIGO
“À memória de Marielle”
Todo o grão lançado à terra
Leva um destino escolhido
Pelo mistério que encerra
De ser pela morte vencido.
Da mão serena se desterra,
No ventre da terra acolhido
Nasce o pão faz-se a guerra
De um corpo assaz denegrido.
Grão de trigo semeado,
Terra madrasta e atroz,
Há-de ser sempre esmagado
P´ las fauces dum corvo feroz.
Morre o grão, seca a seara
Por não haver sementeira
Nem mais recolha de fruto.
Do sonho a energia é clara,
Na luz de uma luta cimeira
Que acaba vestida de luto…
A morte coroou a sentença
De Marielle, eterna presença!
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA