MORTOS VIVOS
Os mortos estão presos dentro da gente
A saudade é uma penitenciária
Somos os agentes presentes
E os ausentes nossa carcerária...
Como numa colmeia de lambaios
Somos todos operários de obtuários
Trabalhando sem saber o que coletamos
E asas nos deram sem saber porque voamos...
E a liberdade dos dias findos
É como uma sepultura sem velas
As lusíadas fúnebres vão aos poucos sumindo
Ficam os marmóreos seres dormindo voláteis irrisórios
Abandonados como lágrimas de ceras
Como se pudessem escolher entre o enterro e o forno crematório...