MORTOS VIVOS

Os mortos estão presos dentro da gente

A saudade é uma penitenciária

Somos os agentes presentes

E os ausentes nossa carcerária...

Como numa colmeia de lambaios

Somos todos operários de obtuários

Trabalhando sem saber o que coletamos

E asas nos deram sem saber porque voamos...

E a liberdade dos dias findos

É como uma sepultura sem velas

As lusíadas fúnebres vão aos poucos sumindo

Ficam os marmóreos seres dormindo voláteis irrisórios

Abandonados como lágrimas de ceras

Como se pudessem escolher entre o enterro e o forno crematório...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 12/03/2018
Código do texto: T6277341
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