O QUE RESTA DA MINHA TIA-MÃE? (*)
A pobreza que nos cobre
Nos ensina a ver o certo.
É na senda pelo cobre
Onde reto vira 'esperto'.
Agressão má, vil, sacana,
Duma gente que mantinha,
Fere de dor tal velhinha,
Mostra covardia insana.
A viúva banca o lar.
Vive enferma, vê-se inválida,
Sofre sem poder falar.
Tempo mostra ação maligna:
Antes bela, nunca esquálida,
Só lhe resta a morte digna.
Salvador, 18/01/2014.
(*) In: BENSABATH, P. (Org.). Coletânea elos literários 7. Porto Alegre: Alternativa, 2018. p. 350-353. (v. 7)