DESERTOS
Há desertos em mim de tempo e nada,
rios extintos, ossos retorcidos,
certezas semi-mortas, a parada
de viagens, amores não vividos.
São instâncias ermas, a morada
de meus sonhos, cadáveres perdidos,
que na miragem de ilusões formada,
quase posso tocá-los revividos,
de repente sorrir risos sinceros,
dizer que a vida é bela simplesmente,
colorir verde sábados austeros.
Mas sou desertos à morte iminente,
na desolação própria aos que sabem,
quantos vazios em uma alma cabem.