A DOR DO POETA

Uma faca que fere o peito do poeta

ele nunca a verá como sendo ameaça.

Ter a sua ponta furando até disfarça

que nasce dele mesmo essa dor que o afeta.

Se dor resultasse dessa faca que corta,

que faria ele daquela outra que, dentro,

corta, queima, expande para fora e adentro,

simulando que para o inferno é a porta?

Tão costumeiro fingidor, no fingir, sagaz

ele se revela. Disfarça a dor que é sua

por não desejar que ela conquiste destaque.

Pois todo aquele que de poeta se faz

com a dor pela vida afora compactua.

E não deixa que ela sofra qualquer ataque.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 04/03/2018
Código do texto: T6270775
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