Soneto 87/07
Mirando dos teus mansos olhos o infinito,
das estrelas pude ver o ígneo resplendor;
o olhar de outras tanto fujo e evito
quanto não deixo de sentir o teu fulgor.
Dentro de um profundo azul de noite agito
minhalma e peço que me entregues tua cor;
de que argêntea luz tu vens, que me permito
ver nos teus cabelos negros, da neve o resplendor?
Oh, divina criatura de beleza rara!
Deusa etérea dos páramos celestes!
És a luz em forma de mulher
És, para mim, das jóias a mais cara
debruada no marfim que ora vestes;
Mostra-me , formosa, que teu seio inda me quer!