Pobres de Espírito
(Interação ao soneto VERSOS LÍQUIDOS,
do Poeta Carioca)
Pobres de espírito, quis o Hélio dizer,
Pois neste mundo imundo que agora vejo
Há gente que aqui nasce só para morrer,
Longe está de assimilar um só arpejo.
Sua rotina: deita, dorme, levanta e some,
Modelo pronto e acabado de egoísmo.
Nem quer saber de onde sai o prato que come,
Desfaçatez que vai às raias do cinismo.
A nossa humanidade caminha para o fim
Numa cadência que aumenta dia a dia.
É muito triste mas vai terminar assim,
Pois lá na frente só diviso um abismo
Onde se encontram povos, civilizações,
Que um dia fracassaram por seu conformismo.
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*O Hélio citado em epígrafe é o nosso competente recantista Heliojsilva.
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Mais uma vez acontece o fenômeno: Interação da interação
Recursos Próprios
Quando nosso espírito se faz pobre,
Por querer encobrir sua pobreza,
Na inferioridade com certeza,
Deve achar-se infeliz quando descobre.
Se quer voltar a ser ainda nobre,
Um espírito de luz e realeza,
O prêmio que lhe dá a natureza,
Livrar-se da vergonha que o encobre.
Ao reagir num grito se desdobre,
Diante do joelho que se dobre,
Para seguir de novo seus percursos.
Pior é se o espírito pede esmolas,
Mas se recebe um não, diz ora bolas!
Melhor ser pobre com próprios recursos.
Fernando Cunha Lima