SONETO DO CIÚME
Voz que não conhece o diapasão,
tessitura e timbre do calar,
tenta em vão a dor justificar;
ousa atenuá-la a turbação.
Ave incendiada no calor,
alça chamejante esvoaçar;
é assim meu peito a desabar;
cego e saturado de rancor.
Eis que sinto a mão tão impotente,
dedos alapados e sem brio
não podem tocar perdida mente.
Juízo extraviado e sem razão,
parcial, imerso em mar bravio,
ei-lo aqui diante da questão.