Soneto do mendigo à porta da igreja
Diante da igreja, ele pede por Deus
Exibindo o chapéu sempre vazio...
O triste homem deixa a nosso alvedrio
Pesquisar no bolso o que será seu.
No partilhamento do que é meu,
Reservo-lhe um pouco, e até sorrio,
Quando ele esconde – lhes confidencio –
O graúdo dinheiro – agora seu...
Graúdo nada, uma pequena esmola
Que ele compara, com o recebido,
E assim a retém na velha sacola.
Depois descubro que ele bem viola
A lei do pedir, sendo enriquecido,
E ri-se de cada um a quem esfola.