A FLOR DA ESPERANÇA
Ah! esta dor enraizada qual carranca
Que do peito não se arranca
Quem será, porventura
A cega mulher que se aventura...
A voar com os mistérios gozosos de sua pomba branca
Que faíscam guturais em suas malemolentes ancas
Fazendo-me sair das trevas de seu escarlate sangue
Qual caranguejo alfa perdido em seu próprio mangue...
Quem será esta delicada flor, preciso conhece-la!
Que retirará do meu peito esta pesada mortalha
Pois que é cortante qual fio de navalha ter que mergulha-la
Será fada-borboleta que no brioso céu se espraia
Ou será que é uma sereia ilusória, tudo maia
Quem é tal flor, que Narciso para eterniza-la morre ao colhê-la???