TRANSE

Passo as minhas mãos pelos cabelos,

num transe entorpecido de desejos;

e, na ânsia incomum, dos seus beijos,

sinto o seu gosto, sem ao menos, tê-los.

Sinto entre nós um istmo, cruel elo,

um portal... E aproveito esse ensejo,

para sorver um trago de sobejo

em vão, nesse quimérico anelo.

Há um retrato posto na parede:

Um oásis para matar minha sede,

que beberico vez ou outra, a sós.

E acordo enlouquecido, muito bravo,

e, ao massagear minha mente, cravo

mais um soneto inspirado em nós.

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 04/02/2018
Código do texto: T6244912
Classificação de conteúdo: seguro