TRANSE
Passo as minhas mãos pelos cabelos,
num transe entorpecido de desejos;
e, na ânsia incomum, dos seus beijos,
sinto o seu gosto, sem ao menos, tê-los.
Sinto entre nós um istmo, cruel elo,
um portal... E aproveito esse ensejo,
para sorver um trago de sobejo
em vão, nesse quimérico anelo.
Há um retrato posto na parede:
Um oásis para matar minha sede,
que beberico vez ou outra, a sós.
E acordo enlouquecido, muito bravo,
e, ao massagear minha mente, cravo
mais um soneto inspirado em nós.