A IDEIA
(Interação ao poema SOMOS IDEIAS, do poeta
Jair Lopes.)
Alguém com muito mais tino já disse,
Em versos de beleza inegável,
Que contestá-lo seria tolice,
Imitá-lo, altamente improvável.
Do encéfalo é certo que vem
Através de moléculas nervosas,
Escreveu convicto esse alguém,
Que era mestre em versos e prosas,
Ao definir de onde vem a ideia,
Onde ela se esconde, o que faz,
Vai adiante, revela muito mais.
Lamenta imaginar uma odisseia
E resultar barrados os seus versos
Diante de uma tíbia língua plebeia.
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Para quem não conhece:
A Idéia
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.
Augusto dos Anjos