O que escrevo
A miopia não vê o que escrevo
e me atrevo a dizer, é aperreio,
o que invento rabisco e não leio,
mas ser fiel à rima, eu devo.
Pouco importa samba ou frevo
tanto faz se é peito ou se é seio
a poesia é caminho que eu passeio
e quatro folhas sempre tem meu trevo.
Só meu tempo perdido faz fita
com o que escrevo, coisa esquisita,
deixando meu peito cuidar do doer.
Hora pinga, hora respinga, mas não pia
e o que mais quer de mim a poesia
se a miopía a esconde pra eu não ver.
Josérobertopalácio
AUTOCRÍTICA I
Não sou escravo do que sempre escrevo,
Muito menos de qualquer outro escrito,
Mesmo que o ache meio esquisito,
Duvido ainda, se devo ou não devo.
Um hieróglifo em alto relevo,
Ou um rascunho dito e predito,
Até um verso que quis ser bonito,
Na poesia jamais me atrevo.
A verve é minha, assim a componho,
A sua qualidade é o meu sonho,
Que seja bem redonda ou meio mítica.
Tudo isto é feito como o desejado,
Mas aqui e ali, um pé quebrado,
Para ajudar na minha autocrítica.
Aplausos para o mestre Palacio.Fernando cunha lima 02-02-18.