Soneto da compaixão

Filhos do descaso, vidas, todas ao leu

Serem negros, pardos herança de capital pecado

Ao relento das ruas à sorte do breu

Algozes de farda, a chacina, tudo planejado

Os anjos, sentinelas do sono, à volta

Dos menores, na noite derradeira não estavam

O esquadrão da morte, impiedoso, à solta

Aos inocentes dormindo metralhavam

Sob papelão, berço da miséria, o charco

De sangue, obra da covardia hedionda

Órfãos, do calvário, enfim, o eterno descanso

Demônios de farda a varredura a cada ronda

Pobreza e sujeira como sinônimas do cruel marco

Na impunidade o penhor do terror intenso

Alex Melloh
Enviado por Alex Melloh em 30/01/2018
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