A SANTA IMPUNIDADE

Na Terra Lusitana – de veneranda idade –

Em que parece que toda a vida corre bem,

Vemos em cada dia que passa, porém,

Ser muito considerada a Santa Impunidade.

Tudo acontece, assim, na maior vulgaridade

Tanto à calada da noite, como debaixo do sol,

Ou até mesmo na penumbra do arrebol,

Mais pro lado do falso do que pro da verdade.

Quando se é chamado à pedra, como convém

Jura-se eternamente não haver nada no rol,

Deixando-se a justiça em muito mau lençol

E com as mãos atadas, sem culpar ninguém…

E, desta forma, aquilo que devia ser razão

É lançado para as malhas da insanidade

Ficando emproado o “reino da iniquidade”

Com o ser e o não-ser diluído na ilusão.

Ó Santa Impunidade, Santa Impunidade,

Quem te pôs nos altares, quem te fez Vaidade?

Resta-nos da “trindade humana” ser pregoeiros:

Quando um é falso, os outros dois são verdadeiros!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 30/01/2018
Reeditado em 30/01/2018
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