A SANTA IMPUNIDADE
Na Terra Lusitana – de veneranda idade –
Em que parece que toda a vida corre bem,
Vemos em cada dia que passa, porém,
Ser muito considerada a Santa Impunidade.
Tudo acontece, assim, na maior vulgaridade
Tanto à calada da noite, como debaixo do sol,
Ou até mesmo na penumbra do arrebol,
Mais pro lado do falso do que pro da verdade.
Quando se é chamado à pedra, como convém
Jura-se eternamente não haver nada no rol,
Deixando-se a justiça em muito mau lençol
E com as mãos atadas, sem culpar ninguém…
E, desta forma, aquilo que devia ser razão
É lançado para as malhas da insanidade
Ficando emproado o “reino da iniquidade”
Com o ser e o não-ser diluído na ilusão.
Ó Santa Impunidade, Santa Impunidade,
Quem te pôs nos altares, quem te fez Vaidade?
Resta-nos da “trindade humana” ser pregoeiros:
Quando um é falso, os outros dois são verdadeiros!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA