CORTINAS CINZENTAS
Paisagens mortas assombram buscadas
nas galerias do peito sofrido:
o brilho ausente, perfume exaurido,
pétalas secas em mim espalhadas.
Na lividez dos jardins, agitadas,
mil borboletas em voo sem sentido,
um colibri revolvendo, atrevido,
aquelas flores de outrora murchadas.
Minha ilusão bate as asas nervosa
a procurar pelos beijos da rosa
que não responde aos melosos cantares.
Ah, passarinho, por que te apoquentas
se vês apenas cortinas cinzentas,
intransponíveis, cercando teus ares?