MEU BAÚ DE CEM SONETOS
Começo mais um baú de cem sonetos,
Para guardar as minhas vãs lamúrias;
Que tem causado, em mim, certas penúrias,
A me vestir com esses trajes pretos.
Andarilho malsão de certos guetos,
A deixar, em mim mesmo, essa fúria!
Não vejo em mais ninguém tanta injúria,
Como há neste poeta velho, obsoleto!
Agora, que vou revirando as páginas
Da vida, encontro nódoa dessa pátina,
No itinerário gauche desta sina.
E, rabiscando signos, eu vou à luta,
No preconceito dessa vã conduta,
Por tanta gente que me abomina!