DO MESMO BARRO
Nesta sala, os sonhos vão vagarosamente,
E o quadro da parede esculpe teu riso em verso,
Uma guia em noites frias, silenciosamente
As manhãs, sem teu "bom dia" não vivo, confesso.
Escrevo cartas, ao som de Gonzaga, esqueço,
Perco fôlego, o libidinoso da língua nos beijos
Sacia sambódromos e abraços, nos becos
Pelas escadas, o samba, clama desejos.
Sobre a lente ótica, gozo meu amor,
Canto às gaivotas, feito flautas escondidas,
Entoando melodias futuras, não vividas.
Pelo arco da roseira, que sustenta o jarro,
Planto sonetos ao sol, jardim da flor,
Como molduras de corpos do mesmo barro.