A QUEM É D'AQUÉM-MAR

A QUEM É D'AQUÉM-MAR

Se escrevo como escrevo é que não devo

Nunca nada a ninguém d'aquém ou além.

Escrevo como quero e me convém

Na herdade do vernáculo por coevo.

Se a tais lusitanismos eu me atrevo

É porque mais me aprazem e soam bem.

De facto, minha escrita sempre tem

Um quê de meio arcaico ou de longevo.

Pois escritas assim d'esta maneira

As coisas me mantêm a verdadeira

Maravilha que tenho quando as leio.

Certo que, se estranhezas se lhes venha,

O leitor quando as ler também me tenha,

Mas com mais fantasia de permeio.

Belo Horizonte - 20 12 2017