DAMA-DA-NOITE

DAMA-DA-NOITE

Eu com ela vez ou outra me deparo.

Tinha sombras escuras pelos olhos

E perfumada ao extremo em santos óleos,

Qual morresse d’amor sem meu amparo...

Alheado em seu olhar de brilho raro,

Talvez me pegue a andar de antolhos

Atrás de si, pois, d'um campo de cóleos,

A roupa exuberante lhe reparo.

Não sei por onde andou ou o que procura,

Quem, insone, me fez sonhar fecundo

Diante de seu sorriso de luz pura.

Só sei que me devassa o olhar profundo,

Enquanto me entorpece com brandura

A nuca mais cheirosa d’este mundo.

Belo Horizonte – 10 12 2005