Soneto do Caos
Poderíamos sobreviver no caos?
Nosso instinto animal não tem espaço
Para o amor, pobre de nós! Seres maus...
Almas coléricas, como o sol e o aço.
Há beleza no mundo, não a esperamos
Florescer, arrancamos e num laço
Está feito o buquê! Não preservamos...
Pobre as flores, fadadas ao fracasso.
Me reconheço nelas, também sou bela
E fui arrancada, como manda o script
Esperança é uma raiz frágil, pois ela
Não é capaz de sustentar a brava alma
Exausta que, rendida ao amor que eu omiti,
No fundo da cripta adormece calma.