UM QUARTO E UMA MEIA

UM QUARTO E UMA MEIA

Uma meia esquecida no meu quarto.

Olho no relógio e é meia noite e meia...

E igual àquela noite, outra lua cheia

De cujo recordar jamais me farto.

O perfume, já por meio e um quarto,

É teu cheiro que no ar tudo permeia...

Dilata-se a pupila; estufa a veia:

De novo para aquela noite eu parto.

Brilho da lua em só noite de quarta...

Da qual ora escureço; ora clareio

Para ti cada poema, foto ou carta.

No fim das contas, perco-me no enleio:

Dividido por zero ou posto à quarta...

O que é ser nada? Ser um par ao meio?...

Cap. Andrade - 22 03 1995