SONETO DO SERTÃO
Eu sou o carro de boi chiando na estrada,
O imbuzeiro na beira do rio em pleno verão,
A lua cheia sobre a serra, enorme, prateada;
O solo ardente, rachado, do velho rincão...
Eu sou o grito do vaqueiro conduzindo a boiada,
O mugido do boi na poeira quente do estradão,
A imagem esdrúxula, tristonha, da mata pelada,
A crença do catingueiro pedindo chuva em oração...
Eu sou o canto dos passarinhos no amanhecer,
Os animais sedentos acalentando no entardecer,
O sorriso das crianças brincando de felicidade...
Eu sou os dias quentes que castigam o sertão,
As noites lindas, estreladas, cheias de emoção;
Os corações enamorados, naufragados em saudade...