O VINHO

Das parreiras (saboroso fruto) venho

Pisado até que venha muito sangrar

Lugar de descanso, um lagar, tenho

Dão-me uma câmara para descansar

E em sono profundo passo a ressonar

Em carvalho, a cama, madeira perfeita

E as quimeras trazem-me o purificar

Sou sangue de uvas escolhidas, eleitas

E se mais envelheço, torno-me melhor

Se sorvido com medida posso confortar

Licor saboroso sou antes de fermentar

Mas quando resplandecente e suave

Não voltes os teus olhos para mim

Porque, então, abreviarias o teu fim.