Vossa Majestade
Ele começou uma oração para tocá-la no coração
E depois outra e depois outra
Como um exercício de fixação
Sujeito determinado
Ela merecia: era o suprassumo
Ele: um pobre radical latino
Que só pensava nela e seus predicados
Objeto direto dos seus pensamentos
Gostaria de ordenar os adjetivos em grau superlativos dela ou o que eles lhe faziam numa bela poesia
Pensava em começar com algum pronome de tratamento correto:
“Excelentíssima Deusa”; “ Vossa Majestade”;
Esperava que a sinestesia da música suave de sua poesia lhe causasse anestesia
E flutuassem seus sentidos num espaço tempo desconhecidos
Impelindo o coração da donzela ao encontro do seu
Numa força arrebatadora que fundiria os dois num só... num soneto:
Vossa Majestade, deusa deste apaixonado
Se meus pensamentos escrutinar
Veras meu sorriso decifrado
Só com a lembrança do teu olhar
Vai descobrir o sentido da minha vida
Como a agulha que mira o Pólo Norte
Ordenando (bagunçando) meu coração: Siga!
Apontando você para ele bater mais forte
Pois viver sem você não tem graça
Se ao seu lado sou fogueira
Distante sou fumaça
Brinde feliz com um amor de alma inteira
Minha entrega transborda a taça
E decretaremos a solidão solteira