AMOR FINGIDO

Atravessou-me, doído o peito, a frecha

Das palavras movidas e mansas de jeito

E que fazem, lá dentro, grande brecha,

E vazam choros que mexem o peito.

O amor-palavra não fortalece, abate.

O amor-ação não há quem o quebre.

O amor-irmão faz um bom combate.

O amor do mundão arde em febre.

Quem ama com amor fingido está morto

E anda por um longo caminho a esmo

Pratica solipsismo, amando a si mesmo.

O caminho do amor é reto, não torto.

Está mais elevado que a dó ou pena,

É doce como o mel e não envenena!